Este blog nasceu com um propósito bem específico – não sei se exatamente nobre, mas também não tinha ninguém nos meus scarpins para saber o tanto que me apertavam, nem pra perceber que escrever quase sempre era um grito de socorro ou um choro de solidão, raramente um compartilhar de trivialidades, porque quando estamos bem até um passeio de elevador vira crônica.

O objeto? Quem me conhece muito, sabe. E quem é da área jurídica sabe que quando se perde o objeto, já era. No percurso veio outro? Veio um estepe, outro, outro… não valia a pena. O objeto virou nada mais que a sua própria caricatura. Os estepes murcharam. E quem circula com pneu murcho? Não gasto minhas palavras com estepes e caricaturas.

Depois de quase 6 anos estudando psicanálise e chegando à conclusão que ainda faltam pelo menos mais uns 6 pra eu começar a entender alguma coisa, percebi que talvez o meu cruel desejo seja ficar nos sapatos apertados, pelo prazer da dor que, ao mesmo tempo me fazia feliz por escrever.

Só que concluí também que não quero mais sapatos apertados. Troquei por havaianas com glitter, rasteirinhas com a cor do verão, saltos altos coloridos – só os que não machucam. Mesmo assim tá doendo. Aos 40 (como é bom encher a boca e falar assim), não tenho tempo nem saco pra ensinar responsabilidade afetiva pra pneu que se diz de primeira linha mas é mais furado que coador de macarrão. Respeito, cavalheirismo, solidariedade, interesse, cuidado e prioridade não se ensinam; vêm naturalmente com o sentimento.

Vou dar um tempinho por aqui. Preciso. Volta e meia tem qualquer coisa no Instagram ou no Facebook sem prévio aviso. Quem sabe isso aqui não se transforme em arte. Quem sabe eu não estou me transformando e, de tanta mudança, preciso ficar no casulo com meus pensamentos.

Mas eu volto. 🦋 🦋 🦋