
Mais um ano sem aquele beijo. Menos um ano em nossas vidas sem aqueeeele beijo.
Não era um beijo qualquer. Era AQUELE que guardei para celebrar nosso meu imaginário reencontro.
O beijo que eu poderia ter dado no outro que às vezes eu beijava só pra me enganar que eu nem ligava pro seu beijo. E mais um que eu daria em um carinha que podia ter conhecido e me faria esquecer do seu beijo. Ah, sem contar o beijo daquele que saiu do jogo – foi saído na verdade – atropelado e jogado pra escanteio, coitado.
Com o planeta dando voltas e mais voltas, seu beijo se tornou rarefeito, uma lembrança longínqua de lábios, cheiros, palavras e poemas tristes.
Quem sabe, no mundo das incertezas ou na Terra das Despossibilidades, duas bocas banguelas se reencontrarão no fim da vida e perceberão o erro imperdoável cometido: terem desperdiçado tanto tempo sem aquele beijo.
O vazio da minha boca estará preenchido com as palavras da minha verborragia desesperada. Você, creio que preencheu com a crueldade do seu silêncio, ou vai ver que é tudo bobagem e ilusão sobre uma boca indiferente.
Foram tantos prazeres desdenhados, uma saudade que se acumulou enquanto nossos cabelos esbranquiçavam… E afinal, só na nossa banguelice é que talvez eu tenha coragem de dizer que o único lugar em que eu queria passar a vida era junto dos seus lábios.
Por Ivy Cassa