
Ando cheia. Além de chocolates pela casa, cheia também das calças jeans que encolheram todas juntas. Devem estar de quarentena e reduziram espaço no armário sem pré-aviso ao meu corpo.
Agora o que eu tou mesmo é cheia de saudades. Calma, não vou fazer como aquele jogador que imortalizou o “saudades do que não vivemos”. Mas tenho: dos encontros que vivemos e principalmente das oportunidades que deixamos de aproveitar por bobagem.
Tá, você é página virada, isso é ponto pacífico. Mas é de um livro de chumbo. Já estraçalhei meus dedos e sua página imóvel, escancarada. Acho que vou pegar um martelo e bater até se quebrar todo. Assim vai ficar parecido comigo
Tenho saudade das nossas viagens sempre atropeladas. Me amarguro um tantinho com o café no estômago das viagens que programamos fazer juntos e você desistiu. Perdeu você. Perdemos. Mas EU bebi pro secco por dois!
Sonhava poder aparecer contigo, meu lenço de seda no bolso do paletó, sem ter de se brincar de esconde-esconde: esconder o quê mesmo, de quem? Eu não tenho rabo preso. Às vezes, desconfio que vcs aprontam com as mulheres só pra gente ter mais material pra escrever e caricaturar como a maioria de vcs é. 🤢
Dá saudade de fazer coceguinhas na sua barriga e de puxar cada anelzinho formado pelo seu cabelo.
Dá um aperto no coração quando vejo que você ri, mesmo que um sorriso amarelo e não é pra mim. Me ilumino quando te vejo gargalhando. Poucas coisas são mais gostosas que a sua risada.
Tenho saudade das nossas conversas – das infantis às acadêmicas. E também do seu silêncio, que eu interpreto como um “tou aqui”, mesmo que eu chegue a dormir durante a chamada 😀
Queria ir com você de novo ao Veríssimo, tomar um vinho rosé no meu apartamento. E acordar com você embrulhado num lençol pra presente. Ah, e tenta não roncar, pode ser? 🙏🏻🙏🏻🙏🏻🙏🏻.
Pensando bem, talvez não dê tempo. Se o Corona nos devorar em breve, se o mundo acabar… quem seremos nós? Digo, eu e você. Dois pontinhos, dois prótons. Um em cada cidade, que resolveu enterrar um amor vivo. Amor vivo enterrado vira amor morto: com ou sem coronavírus. Era tanta vida pra gente se amar! Era tanto amor pra gente tentar. Eu talvez te ligaria só pra dizer pela última vez: perdemos. Agora sim, terminou. E você… uma incógnita! Só pra eu passar a eternidade me perguntando…
Nesta semana, fiquei com a impressão de que te vi. Fazia meses! Foi tanta preparação, mas afinal senti nada. Quase nada! Tanto é que estou até escrevendo sobre tudo isso.
Quando o isolamento acabar, não vai ter beijinho nem carinho meus pra vc. Terei tenta atividade acontecendo (tomara) que nem tempo vai sobrar pra lembrar que quase morri de saudades de você. Que eu tou super tranquila e foi muito melhor assim. Num foi?
PS. Preciso comprar um reforço de chocolates e ansiolíticos. Tá achando que é fácil, põe cada um pra um lado e resolveu o problema? Que gente doida!
Ivy Cassa