Fui a Lisboa para comer.

A cozinha lisboeta ainda me seduz um pouco mais que a francesa. Nao estou falando dos homens, que mereciam um capítulo só para eles. Não os lisboetas, nem os franceses, mas os de Java.

Fui a Bordeux esquecer do resto. De que sou advogada, brasileira, de que fui sacaneada, de que a minha moeda vale 5 vezes menos que a deles e mesmo assim tenho fome e sede.

Bordeuax não é o vale do Loire e essa foi minha grande e insuperável decepção. Eu só queria um lugar bucólico para apreciar a paisagem pela janela do hotel e escrever. Escritórios são esquisitos e Bordeaux tem pressa. A varanda da minha casa me faz convites mais interessantes para escrever que Bordeaux. Bordeax me convida para olhar para uma parede vazia. De gente e de sentimento. Mas nenhuma linha saía de lá.

Já vi o museu o vinho. O espelho daqua. O espelho dagua com cachorro. E o museu do vinho com degustação. O rio vindo de lá. E de cá. Com e sem por do sol. Nada mais.

Se quiser aventura, venha com um namorado ligado no vinho (não vale o tipo que bebe vinho do padre no galão).

Trem para as cidades vizinhas? Furada! Explicam mal e você gasta meio dia para um programa de índio. Alugar carro? Por 140 euros o dia é capaz de dar uma volta. Não faça o câmbio. Não beba vinho. Apenas tire fotos, e reze para o fotógrafo ser bom. Fim do passeio. O mesmo hotel. As mesmas paredes que dão de frente para outras paredes. Mais pelo menos 500 m para andar e comer.

Eles não ouviram falar em iFood aqui?

Fico no quarto. Chá na máquina . Eu quero o meu na xícara de Porquinho da Disney. Não tem. Preciso ir às Galeries Lafayette.

Viva Bordeaux. A terra do Vinho. E quem é que vive do vinho desde o amanhecer?

🤮

Fujam de Bordeaux

(Ivy Cassa)

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