Stephen King, em sua obra “Sobre a escrita”, afirmou que escrever é um ato de telepatia.

Recentemente, por ter ficado hospitalizada e mais uns dias em repouso domiciliar, meu corpo lembrou de me avisar de um jeito mais severo que eu precisava repensar certas questões que só havia empurrado para baixo do tapete ao longo dos últimos tempos.

Por coincidência, sincronicidade ou maluquice mesmo, descobri em pleno hospital que os livros da Fernanda Young – até então para mim “apenas a autora de Os Normais” – tinham um efeito mais que telepático sobre mim. Reflexos dos derivados de morfina, delírios de febres ou mais uma doideira minha? Dane-se.

Independentemente de eu concordar com a totalidade do que ela pensava, dizia ou escrevia – não concordo nem com o todo do que eu própria sou-, seja pelo seu talento, pela sua inteligência ou porque ela tinha um poder de telepatia superior a qualquer um que eu já havia testemunhado, foi ela, Fernanda Young, quem me trouxe boa parte das respostas que eu buscava, ou pelo menos abriu caminhos para que eu procurasse pistas sobre esses enigmas que possivelmente nem tenham resposta.

Já estou em seu quarto livro em menos de 3 semanas dessa “convivência” que estabeleci com ela, mas gosto de acreditar que o primeiro, “Aritmética” veio parar às minhas mãos em uma noite que passei em claro numa UTI por uma “sacanagem do destino”, como ela própria diria.

Continuarei em busca das minhas respostas nos seus livros. Felizes os autores que têm esse dom da telepatia. Eles não vão embora.

“Eu, pelo menos, tenho as lembranças suas, os livros que você escreveu e os meus poetas mortos” (Fernanda Young, Aritmética).

Ivy Cassa